A pena de morte
É inaceitável, assim como a degradação psicologica de um indivíduo, mormente durante e depois de um longo julgamento de atributos cénicos, cuja sentença era conhecida de antemão. Seja qual for o "background" sanguinário do réu, ninguém deveria ter o direito e muito menos o dever (como julgam os que o julgaram) de decidir acerca do prolongamento existêncial ou não de qualquer ser humano.
Calculo que esta decisão do tribunal iraquiano não tenha provocado o menor esgar expressivo, mental e anímico ao Sr. Bush de tão habituado que está (desde longa data) a assinar sentenças de morte.
7 comentários:
Mas alguém acredita que o gajo venha alguma vez a ser enforcado?
Para que a História do Iraque se escreva e venha a ser estudada pelas criancinhas no futuro, receio bem que sim.
Mas porque é que toda a vida é "sagrada"?
Não podemos nunca assumir que algumas peças sairam defeituosas?
Se Sadam tivesse morrido em legítima defesa de uma das suas eminentes vítimas haveria direito a todo este alarido?
Vamos pensar neste enforcamento como uma legítima defesa em diferido, por parte da memória de todos os que foram efectivamente vítimas de Sadam.
Se tivesse sido um bom menino não tinha acabado pendurado numa corda... mas isto sou eu a falar, não sei, posso estar enganado.
Mas quem é que defende os actos desse barbudo? Julgo que ninguém desprovido de bom senso... O que me parece que está aqui em causa, é a aplicação do princípio da pena de morte, na minha óptica um assassinato deferido e oficializado, retirando ao indivíduo aquilo que é mais que do que um príncipio básico: o direito inerente à vida. Saddham merecia obviamente, castigos mais do que exemplares que o deveriam deixar bem marcado como um ferrete para o resto da sua vida, mas não este.
Parafraseando o Carlos Amorim no "seu post de ablasfémia:
"Ao Estado, por princípio, deve estar vedada a possibilidade de retirar a alguém os seus direitos básicos. E conceder-lhe legitimidade jurídica de tirar a vida a quem quer que seja é o excesso mais perigoso, capaz, em si mesmo, de viabilizar todos os demais. A justificação desta conduta anti-jurídica soa-me, sempre, aos velhos ditames do Código de Hamurabi ou às premissas do Exodus: "Olho por olho, dente por dente"
Eu compreendo o argumento, mas não concordo com ele. Se não cabe ao Estado aplicar aquele castigo, nem o mesmo é permitido ao resto dos cidadãos (mais ou menos envolvidos), assume-se que o castigo não é aplicável de todo. E esse é um passo demasiado grande para a minha simplicidade.
Diariamente morrem milhões de seres humanos pelas razões mais diversas. A "Natureza" não perdoa um pé em falso. Porque é a que lei tem de ir tão mais longe e perdoar todo e qualquer atentado/escândalo contra a humanidade?
E depois há a questão da proporcionalidade no castigo. Para sadam ficaria incrivelmente barato o preço a pagar por cada um dos seus crimes mesmo que a pena fosse prisão perpétua.
E o meu pensamento acaba sempre naquelas vítimas, que não podiam ter feito nada melhor para se salvarem. Não consigo ser clemente depois de pensar nas vítimas.
Obrigado pelas resposta e pela visita!
Sabe como é, poderíamos ficar aqui uma eternidade a falar sobre isto, com argumentos para um e outro lado, cada vez mais elaborados, mas... o que me preocupa é de facto a excepção criada que depois é aplicada a um todo. Veja-se o exemplo de alguns estados americanos que aplicam a pena de morte e que não perdoam crimes cometidos sob alguma "loucura momentânea", por vezes até errando nos seus "diagnósticos"... O Iraque com a exaltação de ânimos em que vive pode bem seguir este exemplo.
Mas fique bem entendido que também não quero cair no outro lado da excepção para penas demasiado leves como acontece no nosso país
Errata:
A pressa em escrever dá nisto:
onde está no meu comentário "Julgo que ninguém desprovido de bom senso", deverá ler-se: "Julgo que ninguém provido de bom senso"
Enviar um comentário