dezembro 12, 2006

O Flash




É bastante curioso observar a maneira como as pessoas se exibiam nas fotografias antigas, com um ar de sobriedade e dignidade, mesmo bastante atraente.
É que ir ao fotógrafo, implicava uma preparação de várias horas, senão de um dia inteiro (entre a preparação física e psicológica).
Para muitas, era a fotografia de uma vida, portanto deveria conter quanto possível, o máximo de elementos identificadores individuais (não importando se eram premeditados ou não).
Até Fernando Pessoa, consegue, ao ser apanhado em flagrante "delitro", numa das ruas da Baixa de Lisboa, manter na sua larga passada, um ar pleno de gravidade e respeituosidade que tanto o caracteriza.
Ou o grupo de soldados que em plena campanha africana, conseguem juntar-se para uma foto eterna, não importando se no dia seguinte estariam vivos ou não.
A maior parte das fotografias de rosto hoje em dia, limitam-se a transmitar uma vulgaridade sem limites, conseguindo prolongar tudo no tempo, menos identidade.
É que já não temos tempo para estes jogos preparatórios que começam e acabam num único flash.

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