setembro 16, 2007

NIETZSCHE e o MUNDO DO VIRTUAL

Quem tiver acompanhado a história de uma ciência particular encontra em sua evolução um fio condutor para compreender os processos mais antigos e mais comuns do saber e conhecer: num e noutro caso, desenvolveram-se primeiro as hipóteses prematuras, as ficções, a vontade de fé, a falta de desconfiança e paciência – nossos sentidos só aprendem tarde, e jamais inteiramente, a ser órgãos subtis, fiéis, e cautelosos para o conhecimento”.

Nietzsche (a propósito da evolução e do progresso).

Segundo Nietzsche, o fim da civilização ultrapassa a felicidade terrestre; esse fim é: a produção de grandes obras. A interpretação de todo o progresso implica que são tidos por bem os elementos que ganharam força, e que conferem poder.
Parece que o progresso tem por fim, não a civilização, mas o contrário desta. A civilização acarreta a decadência fisiológica duma raça, o camponês é devorado pelas grandes cidades, a sobreexcitação afecta a natureza do cérebro e os sentidos, as exigências mexem com o sistema nervoso. Estímulos novos aceleram o desaparecimento dos mais fracos. Em que medida a falsidade, a indiferença perante o verdadeiro e útil são, no artista, um sinal de juventude, de puerilidade, face aos valores eternos? Nietzsche analisa ao longo da sua obra conceitos como: Aparente/real/Verdadeiro, Civilização, progresso e Arte, conceitos estes, importantes hoje para entender o mundo do virtual.
A tecnologia deve ser livre e estar ao alcance de todos. Faz parte do nosso desenvolvimento e património cultural. O avanço cultural humano é antes de mais um avanço colectivo, de todos nós. A rede permite encontrar inteligências humanas sem corpo, dissolutas, em mundos simulados, visivel por exemplo, através do trabalho praticado por Sterlac, que gira muito à volta de mundos de simulação e aparência, facto que nos remete para a reflexão que já no passado Nietzsche formulara, acerca do mundo verdadeiro/real e o mundo das aparências.
Actualmente, com os avanços tecnológicos é possível interagir com outros mundos (mundos virtuais), com outros indivíduos e obras de arte. Por outro lado julgo ser preponderante reflectir acerca do conceito “moral”, como Nietzsche, pois é importante que a tecnologia seja aproveitada positivamente e traga benefícios à humanidade, e que permita uma comunicação positiva com outros sujeitos.
Não se trata só de explorar apenas um novo meio e um novo suporte mas de experimentar as suas possibilidades trabalhando-as até ao limite e de construir uma linguagem de renovação e intervenção social, com a esperança de que os novos territórios tecnológicos sejam um caminho para os aspectos benéficos do progresso moderno e da evolução, evolução esta há muito vislumbrada por Nietzsche no passado.

Solo

Sem comentários: